Mazé Andrade representará Pernambuco na Cidade das Artes.
O Rio de Janeiro será palco, de 27 de março a 16 de junho, da 3ª Bienal Black Brazil Art, que tem como objetivo dar visibilidade ao trabalho de artistas emergentes, sem excluir os veteranos, principalmente as mulheres. As apresentações ocuparão oito espaços culturais da capital, reunindo 225 artistas de todo País e do exterior. Com mais de 40 anos exercendo as artes plásticas, Mazé Andrade representará Pernambuco na Cidade das Artes, um dos polos do evento. Localizado no coração da Barra da Tijuca, trata-se do maior complexo cultural da cidade. Além dele, a Bienal estará no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, no Centro Cultural dos Correios, no Espaço Cultural Correios e no Museu da História e da Cultura Afro-brasileira; com atrações programadas para ocorrer também no Museu do Samba e no Museu da Maré.
O trabalho de Mazé integrará a exposição colaborativa “As Duas Faces de Exu”, organizada pela artista plástica Cris Marcos. Conforme explica Cris, a proposta visual de seu trabalho busca conectar as ricas narrativas de Exu com o tema central da terceira edição da Bienal Black, "Fluxos (in) Fluxo: Transitoriedade, Migração e Memória", oferecendo aos artistas uma oportunidade única de explorar as complexidades culturais e contemporâneas acerca das religiões de matriz africana. Dessa instalação, que abrigará 105 obras vindas de dez estados do Brasil, participarão 49 artistas, sendo 80% mulheres e 65% acima de 55 anos. A escolha da cerâmica coaduna com o tema da Bienal de fluxos e influxos, uma vez que no processo de produção há uma fluidez de materiais como a água, que se evapora, o influxo dos minerais que, sob a ação do fogo, aglutinam-se, além da memória física e cultural relacionada à arte no barro. “A materialidade das peças será uma extensão das narrativas sobre a relação entre elementos naturais e a identidade de Exu, enriquecendo a experiência sensorial da instalação”, acrescenta Cris Marcos no texto da convocatória.
Mazé apresentará a escultura em cerâmica “Nossa Senhora do Lar”, numa versão que traz as cores azul (uma alusão ao manto de Nossa Senhora) e dourado (o amarelo de Oxum). “Proponho abordar a religiosidade do nosso povo, marcada por esse sincretismo também representado por Exu”, explica Mazé. Oxum é figura marcante na vida de Exu, sendo forças complementares: ela é a tranquilidade, a riqueza, a fertilidade e a maternidade; ele é energético, comunicativo, protetor das aldeias, dos terreiros e das casas. Visando conhecer os segredos do Ifá, Oxum seduz Exu, assumindo os dois a guarda do oráculo.
Além de Mazé, outro pernambucano também participará da Bienal, com apresentação em outro equipamento. O artista Lucas Aleixo estará expondo seu trabalho no Centro Cultural Correios, juntamente com o capixaba Renato Sancharro. A 3ª Bienal Black conta com uma curadoria colaborativa: Patrícia Brito (BR) do Instituto Black Brazil Art, Claudia Mandel Katz (CR) do Museo de las Mujeres de Costa Rica, Edwin Velazquez (PR) da Casa Silvana, Vinicius (DE) do Momentos World e Julio Pereyra (UY) do Colectivo de Estudios Afrolatinoamericano. A abertura da Bienal acontecerá no dia 27 de março, às 19h, no Teatro Gonzaguinha. Já a instalação “As Duas Faces de Exu” estreia no dia 28 de março.
Antes de integrar esse evento, Mazé Andrade desenvolveu, entre 2017 e 2019, estudos de máscaras africanas, peças que possuem todo um simbolismo religioso para os povos da África Subsariana (sobre esse assunto veja texto no blog da artista). Os estudos culminaram com duas exposições no Museu da Abolição, no Recife, sob a direção da professora do Departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística da UFPE, Suely Cisneiros, e do professor Paulo Lemos, pesquisador em Antropologia da Arte Tradicional Africana.
Crédito imagem acima: Divulgação na rede social da artista Cris Marcos.
Acima, à esquerda, logomarca divulgada pela Bienal Black.
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